terça-feira, 12 de outubro de 2010

Como voltar a ser criança?


Como voltar a ser criança?

Neste dia 12 de outubro, depois de deixar toda minha família num feriado de sol, pós-festa de aniversário de um dos meus irmãos, e ter que voltar ao trabalho, encontrei na internet vários avatars do twitter com fotos de quando seus donos eram crianças e artigos referindo-se a importância de ter uma infância feliz e não perder a naturalidade quando adultos. Depois de ler várias coisas, eu parei para pensar que não é muito fácil manter a mesma intensidade, pureza e beleza da infância.
Os problemas e as desilusões que passamos ao longo dos anos com certeza endureceram um pouco nossos corações e nos tornaram pessoas não tão leves quando nos primeiros anos de vida. A maldade já toma conta de parte dos nossos corações, porque nos deparamos com ela a cada esquina. Nos estranhos que não respeitam os próximos, principalmente os idosos e as crianças (ou o dinheiro público), nos amigos que mentem e fingem (e obviamente deixam de ser amigos), no amor que trai nossa confiança, naquele familiar que já não ama mais você com o mesmo coração aberto porque não concorda com boa parte das decisões que você tomou na vida, enfim, os exemplos podem variar, mas com certeza, criamos uma casca para nos proteger de novos fatos desagradáveis.
Porém, ao analisar qual o melhor caminho a seguir depois de alguns tombos para tentar resgatar a criança interior, neste dia 12 de outubro, que também é Dia de Nossa Senhora Aparecida, a mãe de Jesus Cristo, a imagem mais jovial que vem a minha mente, a melhor representação do quanto, mesmo depois de algumas porradas, nós ainda podemos ser alegres e leves, é a da minha mãe.
Uma doméstica que sofreu com a fome na infância, com a repressão na adolescência, com o ciúme e a falta de carinho do primeiro marido, teve cinco filhos seus, e ainda assumiu um novo relacionamento (mais um desafio para dizer a verdade) com um homem rude, que tinha outros três filhos (eu era a mais nova, com menos de 2 anos), teve um filho, o pai, a mãe e irmãos levados pela morte, foi traída, teve decepções e ainda sim mantém sempre um sorriso no rosto e os braços abertos para novas pessoas, é simplesmente exemplar.
Quem a conhece, mesmo não sabendo de toda sua trajetória, fica encantado, porque ela nunca está de mau humor, tem sempre alguma novidade, é cheia de energia e vontade de viver experiências, conhecer novos lugares (aliás, o sarro da família é porque ela não precisa de convite para encarar uma nova viagem) e pessoas. Engraçado que no Dia das Crianças minha filha deixa de ser a inspiração para eu tentar me tornar uma pessoa melhor, mais leve e menos arrogante; e minha mãe assume a representação da curiosidade, leveza, generosidade, paciência, amor, e principalmente, o perdão, que preciso reativar em minha personalidade. Quem a conhece, sabe bem o que estou dizendo e com certeza concordará.

4 comentários:

  1. A gente já nasce sabendo, pois está registrado em nosso cérebro como respirar. Com o tempo e a pressa cotidiana desaprendemos aquilo que era inconsciente e normal: a respiração lenta e profunda, a qual passa tranquilidade e ajuda a acalmar, transformando em uma respiração rápida e superficial, onde é mandado para o cérebro a informação que algo está errado conosco.
    Partindo dessa premissa, percebemos que o nosso entorno influencia a nossa vida incontestavelmente.
    Diante do que nos é apresentado na sociedade contemporânea, acabamos refém de uma avalanche de padrões, na maioria das vezes, intangíveis a um ser humano que por sua essência é imperfeito. E com a cobrança avassaladora que recai sobre as pessoas a “ingênua” capacidade de discernimento se fragmenta por atitudes desvairadas.
    Realmente, manter pureza e beleza da infância não é fácil nem na CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão), imagine com os pacotes oferecidos, digo, empurrados goela abaixo. Porém, o desvencilhamento dessa escravidão dos modelos é importante na medida em que o aclaramento das idéias possa nos direcionar para o real; o necessário; o possível; o palpável e tudo o que é inerente a um ser falível.
    Por tanto, esqueçamos esse super-homem que vence tudo e todos sempre com excelência suprema. Talvez, voltar a ser “aquela” criança seria pouco provável, considerando a imposição do dia-a-dia, entretanto, podemos vivenciá-la de outras formas, inclusive, ao lembrarmos de nossa mãe e seus sacrifícios em prol de nossa criação, aos moldes de Maria que confiou até o último momento, vendo seu Filho cumprir a Sua missão.
    Voltemos a respirar lento e profundo, sintamos essa criança que só desaprendeu, mas existe esperançando que podemos viver prazerosamente pelo simples fato da vida.

    “A tragédia não é quando o homem morre. A tragédia é aquilo que morre dentro de um homem quando ele ainda está vivo.” Albert Schatz

    Itu-SP

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Cá....ótimo texto...
    Para mim os sinônimos de mãe são amor e superação...
    É assim que vejo minha mãe...puro amor e a superação em pessoa...E apesar de tudo que enfrentou nunca...nunca mesmo...ouvi minha mãe reclamar da vida.
    Parabéns pela mãe de espírito infantil e jovial q vc tem...

    Bjos

    ResponderExcluir
  3. Ahhhhh, oq falar dela, da dona Lourdes!!! Pessoa encantadora, jovial, contagiante em sua alegria de viver e de receber as pessoas de braços abertos!! Consegue tirar, até do ser humano mais triste, um sorriso. Eu tive a HONRA de conhecer esta MULHER guerreira e, ao conhêce-la vi refletida a imagem do que é amar ao próximo sem questionamentos e definições. Pude ver também o quanto há semelhanças entre ela e minha mãe, mulheres que viveram em uma época onde não era permitido amar com plena transparência, época na qual as mulheres deviam viver sob " o cabresco" dos maridos sem reclamar!!
    Mas, mesmo com todos os obstáculos impostos, mulheres q carregam dentro si a grandeza e as marcas de uma mulher e a plena alegria de uma eterna criança!!
    Parabéns Ca, pela mulher, mãe, amiga, esposa e 'criança' q você tem em 'casa'. Tenho certeza q vc segue a imagem q reflete deste 'espelho'!!

    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Olá Carmem

    Que texto maravilhoso. Senti que ele brotou da alma mesmo! A inspiração veio da mamãe: um exemplo de vida. Não a conheço, mas a história dela é um exemplo de vida. Penso que é bem parecida com a história da minha avó que me criou. Uma mulher que assumiu desafios, grandes responsabilidades, sem exigir nenhuma vantagem financeira, apenas o amor e o respeito das pessoas que criou e educou!

    Força sempre!

    César Zangrande

    ResponderExcluir