terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ser livre é saber respeitar o outro

Todo ser humano quer ser livre, ter liberdade de ir e vir, de gostar ou não de determinada coisa, de fazer o que tem vontade, quando tem vontade. No Brasil, assim como em muitos países, durante muitos anos não se teve liberdade sequer para expressar a opinião, principalmente se fosse contrária as dos poderosos.
Depois de muita luta, eis que chega-se a tão sonhada democracia, que liberou os brasileiros para escolherem seus próprios caminhos, tendo como única referência a responsabilidade com os outros e a sociedade. Porém, a queda da Ditadura e a assinatura da Constituição não garantiram um direito primordial aos brasileiros (que aliás, deveria ser o de todos): amar quem quiser, independente de cor, idade, sexo ou partido político.
Ainda sob o fio afiado do julgamento da sociedade, da família e da igreja – seja de que segmento for – as pessoas ainda não podem assumir abertamente suas escolhas amorosas, ainda mais quando não seguem o que determina os “bons costumes” ou foge do modelo tido como ideal. Mas quem define o que é bom ou não para uma pessoa? Quem sabe, com certeza, o que é ideal ou não para alguém?
Nesta semana, mais um caso de homofobia veio à tona no noticiário nacional. E desta vez, foi bem pertinho, aqui mesmo em Praia Grande. Um homossexual foi espancado por um suposto pretendente quando chegou para o encontro romântico que vinha sendo planejado há um mês. O agressor disse ter sido enganado e que esperava uma mulher. A vítima disse que durante todo o mês que conversaram por telefone e internet, disse que era homossexual e que o rapaz sabia com quem encontraria.
Entre versões distorcidas e divergentes, o que mais assusta e que é fato em todo País, é que o homossexual foi agredido violentamente e só conseguiu se salvar porque fugiu do agressor, que o tinha amarrado com lençol e prendido no porta-malas do veículo. Por mais que um não soubesse do outro, não poderia simplesmente agir de forma civilizada? Tinha que bater no rapaz com um taco de madeira até vê-lo inconsciente? Não podia conversar e dizer ao outro que não era essa sua expectativa quanto ao encontro?
Essa selvageria com homossexuais ocorre frequentemente em todos os países por simples intolerância daquele que se acha superior ao outro porque segue os moldes da sociedade. Muitos nem são felizes assim (talvez por isso sejam tão agressivos), mas isso não importa, vestem a armadura dos corretos e justos e se acham no direito de usar a violência com “corretivo” para aqueles que, segundo seus próprios julgamentos, se desviaram do caminho. Mas quem tem autoridade para dizer qual o melhor caminho para o outro, se muitos mal sabem qual o melhor para si próprio?

Um comentário:

  1. É, Carmem!
    Intolerância àquele que é diferente!
    É preciso respeitar as diferenças.
    Tratar igual (como humano), porém em suas diferenças.
    Em outros casos, ou até mesmo neste, a situação tem a ver com auto-afirmação. O cara que se viu ameaçado de alguma maneira (seja sua identidade gay ou seu interesse em ter algo com um homem, mas muda de ideia depois, etc etc) utiliza-se de ignorância, com o outro.

    A mudança ocorre com as gerações, mas ainda é muito lenta.
    Não é necessário aceitar e sair de mãos dadas com o gay, em sinal de apoio: é preciso apenas respeitá-lo, deixá-lo seguir sua vida. Como quem diz "o que eu tenho a ver com a sua condição, orientação, escolha, opção?".
    Mas não. Muitos ainda preferem mostrar sua falta de bom senso, criticando, tratando mau, agredindo, assassinando.

    Educação é de berço e esta precisa ser muito bem dada à criança, pois refletirá nos seus atos do futuro (bons e/ou ruins).
    E uma das formas, na minha opinião, de reduzir cada vez mais o preconceito, é tocar no assunto, polemizar mesmo, mas não tratar com silêncio, como se gays fossem criaturas extraterrestres que devem viver isoladas, das quais sequer podemos falar sobre!

    Beijo Carmem! Perfeita reflexão!

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